quinta-feira, 11 de novembro de 2010

MARIA, HERMENÊUTICA, LITURGIA E DIÁLOGO NO DOCUMENTO VERBUM DOMINI

O secretário-geral do Sínodo dos Bispos, D. Nikola Eterovic
e o Prefeito da Congregação para os Bispos Cardeal Marc Ouellet
De acordo com o Cardeal Ouellet, a Exortação "desenvolve uma visão dinâmica e dialógica da Revelação. [...] A revelação cristã é essencialmente um chamado ao diálogo, uma Palavra criadora de evento e de encontro, do qual a Igreja faz experiência desde as suas origens".

Montagem sobre fotos / ArquivoO secretário-geral do Sínodo dos Bispos, Dom Nikola Eterović, e o prefeito da Congregação para os Bispos, Cardeal Marc Ouellet, participaram da coletivaO prefeito da Congregação para os Bispos acrescenta que Maria permanece o insuperável modelo do relacionamento fecundo entre Igreja e Palavra de Deus, conforme indicado pelo Santo Padre no número 28 da Verbum Domini:

"A referência à Mãe de Deus mostra-nos como o agir de Deus no mundo envolve sempre a nossa liberdade, porque, na fé, a Palavra divina transforma-nos. Também a nossa ação apostólica e pastoral não poderá jamais ser eficaz se não aprendermos de Maria a deixar-nos plasmar pela ação de Deus em nós. [...] Contemplando na Mãe de Deus uma vida modelada totalmente pela Palavra, descobrimo-nos também nós chamados a entrar no mistério da fé, pela qual Cristo vem habitar na nossa vida", escreve Bento XVI.

Ouellet lembra que o Papa defende que é absolutamente necessário rezar com as Sagradas Escrituras para encontrar-se pessoalmente com Cristo. "Daí os numerosos desenvolvimentos da Verbum Domini sobre a Santa Liturgia, sobre a leitura orante e assídua dos textos sagrados, sobre a escuta e o silêncio, sobre a partilha da fé frente aos textos bíblicos, de modo particular na liturgia dominical", afirma.

A Exortação também assinala que a hermenêutica bíblica – chaves de interpretação da Escritura – precisa estar sempre a serviço da fé da Igreja, pois a interpretação da Bíblia flui da vida e do crescimento dessa. Ao tema, são dedicadas cerca de 40 páginas.

Já o sub-secretário do Sínodo dos Bispos, Dom Fortunato Frezza, falou sobre a centralidade física e programática do tema Liturgia no documento papal, pois ocupa as páginas do meio do volume.

"Liturgia e Palavra de Deus compenetram-se em estrita reciprocidade: a Palavra de Deus diviniza a ação litúrgica, a Liturgia é lugar privilegiado para a compreensão da Palavra de Deus, compreensão que se qualifica segundo o dinamismo paulino do conhecer para ser conhecido (cf. 1 Cor 13, 12) e do conhecer para operar na vida segundo o espírito (cf. Fil 3, 8; Ef 3, 16-20).

DIÁLOGO ENTRE CRISTÃO E MULÇUMANOS

No documento, Bento XVI expressou o desejo de um diálogo sincero e respeitoso entre os cristãos e muçulmanos. E recordou que o Sínodo para o Oriente Médio pediu às Conferências Episcopais, que favoreçam "encontros para um conhecimento recíproco entre cristãos e muçulmanos" e assim, promovam os valores de que a sociedade precisa para uma convivência pacífica e positiva.

O Papa reafirmou ainda o respeito da Igreja pelas antigas religiões e tradições espirituais dos vários continentes. "[Elas] contém valores que podem favorecer imensamente a compreensão entre as pessoas e os povos". Todavia, salientou Bento XVI, "o diálogo não seria fecundo, se não incluísse também um verdadeiro respeito por toda a pessoa para que possa aderir livremente à sua própria religião".

"Tal respeito e diálogo favorecem a paz e a harmonia entre os povos", concluiu Bento XVI.

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